10 de abr. de 2009

Estrutura Organizativa das Brigadas Populares


As Brigadas Populares surgem em 2005, a partir da dissolução do Núcleo de Estudos Marxistas. Essa antiga estrutura, voltada principalmente para o estudo dos pensadores revolucionários, não era adequada para os desafios colocados pela organização popular a partir do trabalho nas comunidades periféricas de Belo Horizonte. Fez-se necessário a construção de uma nova organização, eis que surgem as Brigadas Populares.

Nesse primeiro momento, nossa estrutura organizativa estava limitada ao trabalho nas Brigadas Territoriais que eram as comunidades em que nossos militantes atuavam.

Aproximadamente um ano depois, nos reunimos em seminário para reestruturar nossa organização conforme nossa linha política. Nessa ocasião, foi aprovada a proposta de nos organizarmos em Frentes de Trabalho que compreenderiam as demandas que estavam mais presentes nas comunidades em que havia Brigada Territorial. Também foi incluída a proposta de formação de Núcleos Brigadistas nas diversas áreas e comunidades em que as Brigadas estavam organizadas.

Importante notar que o surgimento dessas novas estruturas tinha como objetivo justamente fortalecer o trabalho político nas comunidades, pois as Brigadas Territoriais são o traço característico da organização.

Desde então, a estrutura organizativa das Brigadas Populares teve alguns aprimoramentos como, por exemplo, o surgimento do Secretariado. Vieram também as Brigadas Especiais (como a Brigada de Comunicação que depois ganhou o nome de Brigada Nossa América) e o espaço da Assembléia Brigadista que se destaca como instância máxima de deliberação política. Existem ainda os espaços do Encontro de Comunidades de Resistência e o Círculo Brigadista que são criações mais recentes.

Antes de entrar na descrição específica de cada estrutura/espaço, vale observar que a estrutura organizativa não se propõe acabada, fechada, estanque. A organização deve ser a ferramenta a serviço da transformação social. Logo, a estrutura deve responder as necessidades reais de organização da classe trabalhadora que sempre está em movimento (ora ascendente, ora descendente).

Nesse sentido, nossa organização deve estar preparada para enfrentar os desafios colocados pela realidade concreta, aprimorando sua estrutura e seus métodos de atuação. Portanto, não pode haver modelos prontos, rígidos, alheios às reais necessidades organizativas, alheios à estratégia e às táticas da organização. É por isso que temos que debater permanentemente nossa estrutura organizativa, modificando aquilo que for necessário a fim de aprimorá-la. Somente assim estaremos avançando na construção e na realização do nosso projeto político.

Para contribuir na melhor compreensão dessa estrutura, vamos descrever resumidamente o papel de cada uma das instancias citadas.


BRIGADAS TERRITORIAIS


As Brigadas Territoriais são aquelas Brigadas que estão vinculadas a determinado território em que existe atuação organizada das Brigadas Populares. Até o presente momento, apenas comunidades periféricas e ocupações se configuraram como Brigadas Territoriais. Entretanto, no Seminário Brigadista de dezembro de 2008, foi definido que nosso conceito de território não se restringe às comunidades e ocupações. Assim, existe a possibilidade de que numa universidade ou num presídio em que há inserção das Brigadas Populares, com planejamento e destacamento de militantes, possa surgir uma nova Brigada Territorial.

Nesses territórios se fazem presentes militantes orgânicos das Brigadas que buscam contribuir na organização daquele território e na superação das demandas locais, com a elevação do nível de consciência das pessoas, e a organização das lutas e atividades que se fazem necessárias.

As pautas imediatas e específicas das Brigadas Territoriais são a ponte que permitirá elevar para um patamar político a organização e as lutas daquele território. Também é fundamental garantir a formação permanente e recrutamento de lideranças das Brigadas Territoriais.

O método de trabalho político nas Brigadas Territoriais são as Assembléias Populares, que são espaços democráticos em que se discutem os problemas do território e as formas de superação dos mesmos.

Vale observar que as Brigadas Populares não “caem de pára-quedas” em nenhum território. Nossa atuação se baseia no respeito às formas organizativas locais. Assim, a formação de uma Brigada Territorial se dá a partir de uma articulação prévia com alguma entidade ou liderança da área, ou do contato feito por alguma instituição/organização externa, como é o caso das Defensorias Públicas (do Estado e da União).

@s militantes que atuam nas Brigadas Territoriais geralmente estão vinculados a alguma Frente de Trabalho das Brigadas Populares. Desse modo, esses militantes devem estar atentos para as demandas compreendidas pelas Frentes de Trabalho sem fechar os olhos, é claro, para outras demandas que possam surgir do território.

É importante que o território (comunidades, ocupações etc) tenha nas Brigadas Territoriais uma referência, que vejam na organização uma importante ferramenta para a transformação da realidade e não um grupo “pessoas boas” voltadas para a assistência ou caridade.

As Brigadas Territoriais não são subordinadas às Frentes de Trabalho. Possuem planejamento próprio e destacamento de militantes para compor a estrutura do Secretariado das Brigadas Populares.
Atualmente, estão organizadas as seguintes Brigadas Territoriais:
- Brigada da Serra
- Brigada Novo Lajedo
- Brigada Ocupação Camilo Torres
- Brigada Ocupação Dandara
- Brigada Vila da Luz
- Brigada Acaba Mundo
As Brigadas Territoriais também não são subordinadas às Frentes de Trabalho. Elas possuem planejamento próprio e destacamento de pessoas para compor a estrutura do Secretariado das Brigadas Populares.


* Brigadas Especiais

As Brigadas Especias são Brigadas que, diferentemente da Brigadas Territoriais, não estão vinculadas a um território. Elas abrangem temas específicos que cumprem um importante papel dentro da linha política das Brigadas Populares.

Atualmente temos como exemplo de áreas de atuação relevantes que demandam o empenho de militantes destacados o trabalho com cultura (Brigada Nossa América) e a defesa jurisdicional (Brigada Jurídica).


FRENTES DE TRABALHO

As Frentes de Trabalho são agrupamentos de militantes que se voltam para determinadas demandas. O que une a atuação de cada Frente é o projeto político das Brigadas Populares que está para além de demandas específicas da realidade em que vivem as massas espoliadas do espaço urbano. Por isso, as Frentes estão estritamente vinculadas ao Planejamento e à linha Política das Brigadas Populares.

Ademais, é importante que haja uma conexão, ou mesmo um entrelaçamento das Frentes de Trabalho. Por exemplo, a construção dentro de uma ocupação de uma rádio comunitária, ou um curso de formação, ou um núcleo de jovens ou de familiares de presos etc.

Atualmente existem cinco Frentes de Trabalho. São elas:
Comunicação e Cultura
Reforma Urbana

Cumpre esclarecer que as Frentes não são rígidas. Conforme a leitura da realidade concreta, podem ser criadas novas Frentes de Trabalho ou extinta alguma das que existe atualmente.

As Frentes de Trabalho têm como objetivos principais fortalecer a organização e a luta popular a partir da mobilização em torno de determinadas demandas concretas, chamar a atenção da sociedade para determinadas questões que afetam a vida d@s trabalhadores(as) construindo hegemonia nesses campos, dinamizar o trabalho das Brigadas Populares permitindo nossa inserção em múltiplos setores etc.

As Frentes de Trabalho também possuem Planejamento próprio e destacamento de militantes que compõem a estrutura do Secretariado.

NÚCLEOS BRIGADISTAS

Os Núcleos Brigadistas giram em torno de temas espefícicos, como formação, luta anti-prisional, urbanismo, comunicação, juventude, gênero etc. Podem ser organizados por qualquer militante e em qualquer território em que as Brigadas atuam (comunidades, ocupações, presídios, universidade, escolas).

Os Núcleos não precisam ter necessariamente planejamento próprio nem estar vinculado às deliberações das Brigadas Populares. Essa é uma das diferenças dessa estrutura para as Brigadas Territoriais. No entanto, sendo possível, os Núcleos Brigadistas devem ter como perspectiva avançar para a constituição de Brigadas Territoriais.

Em suma, trata-se de um espaço organizado por algum(a) militante para ampliar a inserção das Brigadas e permitir que mais pessoas se aproximem da organização. Hoje as Brigadas possui um Núcleo de Gênero (Ana Terra), que construiu junto às mulheres da Ocupação Dandara, um núcleo de atuação (Guerreiras de Dandara).

SECRETARIADO

A estrutura do Secretariado compreende secretários políticos, organizativos e financeiros. As Brigadas Territoriais e Especiais, as Frentes de Trabalho e os Núcleos Brigadistas nomeiam internamente os seus secretários que compõem o Secretariado. Os mandatos de tod@s secretári@s estão sujeitos a revogação a qualquer tempo conforme deliberação consensual ou majoritária da estrutura a que estão vinculad@s.

Importante deixar claro que a estrutura do Secretariado não está em posição hierárquica superior às outras estruturas. Trata-se de um espaço operativo que permite a interconexão entre as outras estruturas (Brigadas, Frentes e Núcleos). Decisões políticas que repercutem em toda organização não podem ser tomadas no espaço do Secretariado, exceto nos casos emergenciais em que não seja possível convocar toda a militância orgânica.

ASSEMBLÉIA BRIGADISTA

A Assembléia Brigadista é a instância máxima de definições políticas mais amplas da organização como, por exemplo, nossas concepções gerais, a definição dos nossos aliados, a construção da nossa estratégia e da nossa linha política, nosso planejamento geral etc.

ENCONTRO DE COMUNIDADES DE RESITÊNCIA

O Encontro de Comunidades de Resistência (ECR) é um evento que ocorre todos os anos, no mês que relembramos a morte de Che Guevara (outubro). Nesse espaço buscamos reunir todas as pessoas dos territórios em que as Brigadas Populares atuam, apoiadores diretos, simpatizantes próximos, representantes de outras organizações e movimentos de esquerda e representantes de órgãos e entidades próximas às Brigadas Populares, como é o caso das Defensorias Públicas.

O objetivo do Encontro é mensurar nossa inserção política no cenário metropolitano, construir análises de conjuntura unitária, articular lutas e bandeiras, promover um espaço de interação entre nossas bases de influência etc.

Este ano teremos o terceiro Encontro, sendo que antes da proposta do ECR existia um espaço semelhante que se chamava Che Vive.

CÍRCULO BRIGADISTA

O Círculo Brigadista é um espaço de apresentação da estrutura e do trabalho das Brigadas Populares para todas as pessoas que já manifestaram interesse em se incorporar na organização ou contribuir de alguma forma nas atividades desenvolvidas por nossas Brigadas (Territoriais e Especiais) e Frentes de Trabalho.

6 comentários:

  1. Parabéns pelas suas atauções, e pelo seu nivel organizativo. Acredito na lucidez das suas ações sócio-políticas. E como militante religioso que sou, peço ao Deus da vida, que vocês continuem sendo sal e luz para aqueles que perderam o direito a ter direito.
    Queria aproveitar o momento para que vocês mandassem um abraço para Joviano, diga que foi o Eder de Belém do Pará,que suas ações sejam o exemplo prático da realização do Evangelho Social. Valeu!
    "Contra o pessimismo da teória o otimismo da prática" (A.Gramsci)

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  3. qro participar do grupo,como fazer?

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  4. Este Blog está pra lá de excelente!!!! Super informativo!! Parabéns, Brigadistas!!! A cada dia que passa vejo como estão evoluindo em todas as dimensões...se existe um jeito tridimensional de dizer da evolução são vocês...força sempre sempre

    Meire Levante

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Onde fica a sede em BH e como faço para filiar?

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